Inclusive, saudades (I)

Inclusive, saudades (I)

Inclusive, saudades!

É como se um trem viesse em alta velocidade e você precisasse pular nele ainda em movimento. São meses se preparando para aquilo, para embarcar naquela viagem mais empolgante impossível, planejando tudo e só o que se consegue pensar é nos momentos maravilhosos que estão por vir, dos quais morre de saudades. Até que, finalmente, se encontra na beirada dos trilhos, correndo com os cabelo ao vento, enquanto ele vem em sua direção de portas abertas. Você estica os braços, agarra a barra de apoio e se joga por inteira lá dentro, o coração batendo descontroladamente e as borboletas na barriga fora de si. Sim, está acontecendo. Chegou a hora.

Você entra e é tão maravilhoso quanto esperava. Sem roteiro, sabe? Apenas acontece, não tem espaço pra nada negativo, só risadas e sorrisos. Mas todo embarque tem seu desembarque e chega a hora de saltar dali de novo, e é isso que você faz, naquele mesmo ponto de onde tomou o impulso que te levou a viver essa experiência. E por mais que saiba que foi real, que se lembre de cada segundo, não consegue assimilar. Podem ter sido dias, mas parece que foram horas, ou minutos, ou só um sonho que a gente nunca sabe quanto tempo durou, parece que você sequer saiu da borda da entrada, ou mesmo do ponto de onde pulou. O aperto é tanto que fica difícil pensar no quão maravilhoso foi, é quase impossível achar palavras que descrevam o que domina a mente e o coração, e tudo o que você quer é digerir, acreditar nesse algo lindo que assim merece ser lembrado.

Eu achei que esse trem não passaria mais nos trilhos da minha vida, assumi que não precisaria escrever essa história, mas não teve como fugir uma vez que ela resolveu se estender e tomar conta dos meus sentimentos, se escrevendo sozinha enquanto o tempo passava. Sempre tive muita dificuldade de aceitar que o “Fim” tinha chegado mesmo quando sabia que era até melhor assim, mas por algum motivo cismei em colocar pontos finais em cada nova fase do nosso trajeto, e felizmente fui conseguindo apagar todos eles para substituir pelas vírgulas mais bem vindas de todas, ou até transformar em reticências. Ainda que essas as reticências deixem de ser três pontinhos para se tornar um só de novo, o que realmente importa é que existiram, bem desenhadas e carregadas de significados.

A verdade é que quanto mais ela se escreve, mais vontade eu tenho de pegar a caneta e me jogar nela. Eu me apaixonei pelo embarque nesse trem desgovernado que vem e vai sem eu saber a direção… Por olha-lo de costas como se admirasse meu próprio céu estrelado, pelo seu sorriso que aparece de repente e ilumina todo o rosto, cada pedacinho dele. Me apaixonei pelas suas mãos que só de encostar em mim me arrepiam por fora e por dentro, por aquele ar sério que de início me intimidava tanto, pela cor daquele olhar que está sempre diferente, pelo som da respiração que muda a cada situação. Estou apaixonada por cada embarque nele e por ele inteiro!

Inclusive, saudades!
Maresia

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Um ano depois…

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  • Bárbara Cavalcante

    Que vibe gostosa a desse texto, apaixonante e leve, adorei!

    Beijinhos e ótimo final de semana!
    http://www.barbaradoblog.com

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  • Carol R

    O frio na barriga do embarque de diversas situações da vida fazem parte
    bjs

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  • Daninha

    Nunca fui fã do frio na barriga, ele me faz me sentir mal…
    Mas, filosofando, o importante não é o embarque ou desembarque, mas sim o percurso!

    P.s.: I love you

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  • Dai Castro

    A sensação do inesperado, a expectativa e os sentimentos que transborda, o importante é viver intensamente e aproveitar cada pedacinho do percurso <3
    Beijos ?
    Colorindo Nuvens

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  • Thalita

    Aaaawn que lindo *U*

    Beijos,
    http://www.thalitamaia.com

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  • Camila Faria

    A vida é uma espécie de trem em alta velocidade mesmo. A gente vai embarcando ~ e desembarcando ~ nos nossos melhores e piores momentos. Lindo texto Luly. <3

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  • Lívia Bonilha Bonassi

    Que linda a metáfora com o trem, Luly! Fiquei encantada pelo texto.. e acho que vale a pena lembrar que o que vale no final das contas não é nem o começo e nem o fim, mas o caminho 😉
    Beijo!

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