
Esse pode ser considerado o “mês dos namorados”, mas eu vou chamar de “mês dos apaixonados”, porque todas as vezes que me apaixonei na vida foi em junho. Ou, pelo menos, as vezes em que caí na real em relação a isso, já que esse tipo de sentimento não é da noite pro dia, é construído de passinho em passinho… A história começou bem no meio mesmo, pertinho do dia doze. Não acho que exista amizade preto-e-branco, qualquer relação tem várias tonalidades em seu redor, mas foi ali que se iniciou o processo de viver uma amizade colorida pra valer. Subindo a ladeira, descobrindo que “quem canta seus males espantas”. Uma jaqueta quentinha compartilhada e antes que eu percebesse estava sujeita a sentir, ainda pré-adolescente, o que praticamente todo mundo já sentiu na vida: fogo que arde sem se ver, ferida que dói e não se sente, contentamento descontente. O não querer mais que bem querer e o melhor é que não era solitário andar por entre a gente¹.
Um longo tempo se passou e não havia dúvidas de que eu tinha encontrado o “amor da minha vida”. E acho que tinha mesmo, só não da vida inteira! Não precisa ser imortal posto que é chama, mas sim infinito enquanto dura², é o que realmente importa. Veio, ficou, passou e antes que eu estivesse pronta para novas chances uma nova porta se abriu no final daquele mesmo mês que foi marcado por isso já tantos anos atrás. E quando digo que a porta abriu não é uma metáfora bonita pra uma nova oportunidade, não, foi um “Toc-toc-toc” mesmo, e quando virei a maçaneta deixei a mão cair porque não esperava alguém aparecendo assim, aleatoriamente num dia comum e gostosinho de trabalho. Literalmente à primeira vista, porém foi nela mesmo que ficou. Aquele dia ficaria marcado como o dia em que a pior melhor coisa da minha vida aconteceu, sem dúvidas, mas com o tempo até essas pequenas certezas se tornam mentiras.
Porque o junho seguinte tornou essa dorzinha exagerada em irrelevante. Não me fez esperar muitos dias e me trouxe o coração batendo acelerado logo de cara! Aliás, não só isso, né? Teve borboleta no estômago, cabeça no ombro, tensão no ar, mãos encostando e um cheiro tão característico que dá pra lembrar exatamente qual mesmo com o passar do tempo. Teve expectativa sem decepção, muito pelo contrário, foi melhor ainda que o esperado… De um jeito que dava vontade de escrever pro mundo saber que isso existe, mas ao mesmo tempo sem essa necessidade porque tem coisas que a gente prefere guardar a dois. Elevou toda essa historia de coincidências a um novo nível, transformou a vontade em realidade.
Inclusive, saudades…
¹ “Amor é um Fogo que Arde sem se Ver”, Luís Vaz de Camões. Lisboa, 1524-1580.
² “Soneto de Fidelidade”, Vinícius de Moraes. Rio de Janeiro, 1913-1980.